O artigo visa investigar a relação entre a busca pela essência dos objetos de arte e a noção de "mundo da arte" nos escritos de Arthur Danto. Para tal, partimos da exposição das ideias antiessencialistas de tipo wittgensteiniano de meados do século XX, para depois ressaltar o comprimisso de Danto com as teses essencialistas e os pressupostos que atribui às definições de arte. Em seguida, retomamos o conceito de "mundo da arte" na obra do autor e o modo como tal conceito se articula à ideia de um discurso de razões que fundamentaria a prática e a identificação artísticas. Por fim, argumentamos que recorrer a tal discurso de razões minaria o projeto definitório e aproximaria inadvertidamente as teses de Danto das teses antiessencialistas que o autor reiteradamente rechaza.
The article aims to investigate the relationship between the search for the essence of art and the concept of a "artworld" in Arthur Danto's writings. To do so, we begin with an exposition of Wittgensteinian anti-essentialist ideas from the mid-20th century, and then highlight Danto's commitment to essentialist theses and the presuppositions he attributes to definitions of art. We then return to the concept of the "artworld" in the author's wrinting and the way in which this concept is articulated with the idea of a discourse of reasons that would found artistic practice and identification. Finally, we argue that resorting to such a discourse of reasons would undermine the definitional project and inadvertently bring Danto's theses closer to the anti-essentialist theses that the author repeatedly rejects.