Traçar uma nova metodologia para a história da arte, em especial para as artes figurativas, foi o principal projeto intelectual do historiador da arte italiano Lionello Venturi. A tarefa se coloca a partir da reivindicação da função crítica da disciplina, que deve ir além do trabalho filológico rumo a um juízo de valor. Para o autor, sendo o juízo de valor o ponto de chegada da “história crítica da arte”, é preciso que esta tenha claro o sentido da natureza da arte, um conceito de arte e, para tal, deve recorrer à estética. Tanto na reivindicação do caráter crítico da história da arte, quanto no conceito de arte a partir do qual forja sua crítica, reverberam as orientações do filósofo Benedetto Croce. No presente artigo, pretendo abordar a fundamentação crociana do pensamento de Lionello Venturi, assim como tais fundamentos teóricos são mobilizados na prática da crítica de arte a partir do comentário sobre as obras de Leonardo da Vinci.