Trata-se aqui de uma leitura interpretativa do grupo escultural “Verità svelata dall Tempo (A Verdade desvelada pelo Tempo)”, no qual Gian Lorenzo Bernini trabalhou entre 1649 e 1655. A hipótese defendida aqui é que Bernini lança mão de recursos escultóricos que intensificam o jogo de contrastes e antíteses em diferentes níveis na composição como um todo, de tal modo que esta resulta na apresentação alegórica, brilhante e viva de um conceito abstrato e universal de verdade. Há, nesse sentido, uma instigante dinâmica entre sensibilidade e abstração operando na obra, que parece levar a forma alegórica, como unidade arbitrária e precária entre conceito e sensibilidade, às últimas consequências. Esta leitura da obra de Bernini se dá majoritariamente no âmbito da história da arte, mas é inspirada em algumas reflexões estéticas, filosóficas e historiográficas de Walter Benjamin.
This is an interpretative reading of the sculptural group "Verità svelata dall Tempo (Truth unveiled by time)", on which Gian Lorenzo Bernini worked between 1649 and 1655. The hypothesis defended here is that Bernini uses sculptural resources that intensify the play of contrasts and antitheses at different levels in the composition as a whole, in such a way that it results in the allegorical, brilliant and vivid presentation of an abstract and universal concept of truth. There is, in this sense, an instigating dynamic between sensibility and abstraction operating in the work, which seems to take the allegorical form, as an arbitrary and precarious unity between concept and sensibility, to its ultimate consequences. This reading of Bernini's work takes place mostly within the framework of art history, but it is inspired by some aesthetic, philosophical and historiographical reflections of Walter Benjamin.