Fábrica de hiperstição: ou sobre como perdemos o mundo
Guilherme Foscolo
Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)
Itabuna (BA)
FOSCOLO, Guilherme. “Fábrica de hiperstição: ou sobre como perdemos o mundo”. Viso: Cadernos de estética aplicada, v. 17, n° 32 (jan-jun/2023), p. 289-316.
Aprovado: 11/05/2023 · Publicado: 30/06/2023
Fábrica de hiperstição: ou sobre como perdemos o mundo

Neste ensaio, argumento que a guinada neofascista que levou à presidência Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil não se faz compreender sem a atividade de um conglomerado de tecnologias digitais – e que, por constituir-se em um sistema autopoiético de retroalimentação positiva, proponho chamarmos fábrica de hiperstição. Proponho também que a dinâmica interna do sistema alterna entre a produção de memes e a de uma metanarrativa. Por fim, apresento dois conceitos – tecnopolítica e tecnopoiesis – que permitem compreender como tais tecnologias, por um lado, atualizam os horizontes socioeconômicos da qual emergem, e, por outro, programam nossas formas de pensar/perceber.  

Palavras-chave:
hiperstição; tecnologia; sistema; mídia; meme
Hyperstition Factory: Or on How We Have Lost the World

In this essay, I argue that the neo-fascist turn that brought Trump to the presidency in the USA and Bolsonaro in Brazil cannot be understood without the activity of a conglomerate of digital technologies – which, since it constitutes an autopoietic system of positive feedback, I propose we call hyperstition factory. I also propose that the internal dynamics of the system alternates between the production of memes and that of a metanarrative. Finally, I present two concepts – technopolitics and technopoiesis – that allow us to understand how such technologies, on the one hand, update the socioeconomic horizons from which they emerge, and, on the other, program the forms we think/perceive. 

Keywords:
hyperstition; technology; system; media; meme