Neste ensaio, argumento que a guinada neofascista que levou à presidência Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil não se faz compreender sem a atividade de um conglomerado de tecnologias digitais – e que, por constituir-se em um sistema autopoiético de retroalimentação positiva, proponho chamarmos fábrica de hiperstição. Proponho também que a dinâmica interna do sistema alterna entre a produção de memes e a de uma metanarrativa. Por fim, apresento dois conceitos – tecnopolítica e tecnopoiesis – que permitem compreender como tais tecnologias, por um lado, atualizam os horizontes socioeconômicos da qual emergem, e, por outro, programam nossas formas de pensar/perceber.
In this essay, I argue that the neo-fascist turn that brought Trump to the presidency in the USA and Bolsonaro in Brazil cannot be understood without the activity of a conglomerate of digital technologies – which, since it constitutes an autopoietic system of positive feedback, I propose we call hyperstition factory. I also propose that the internal dynamics of the system alternates between the production of memes and that of a metanarrative. Finally, I present two concepts – technopolitics and technopoiesis – that allow us to understand how such technologies, on the one hand, update the socioeconomic horizons from which they emerge, and, on the other, program the forms we think/perceive.